Uma Mulher, um Destino
Nunca pensei sentir-me tão feliz por andar num transporte público. Eu sei que esta frase é no mínimo estranha, pois quando falamos em transportes públicos soa-nos a confusão, cheiros pouco agradáveis, gente esquisita e por ai fora… No entanto, no momento que coloquei os fones, o mundo desligou, em meses. Foi como se tudo tivesse-se transformado, como se tudo tivesse ficado inocente outra vez. Acima de tudo, aquele pedaço de metal permitiu-me sonhar outra vez. Voltaram as memórias! Senti cada palavra. Reflecti. Ao som da guitarra de uma boa música dos Kodaline. Não era incrível se a vida tivesse banda sonora?
Encontrei no meu reflexo, a parte de mim que há muito pensava ter perdido. Senti a velocidade! Com ela surgiu um desejo incontrolável de desatar a correr por entre os campos. Tornar-me parte da natureza. Senti-me invencível! O meu corpo voltou a ter vida. Como é possível um simples comboio ter este efeito em mim? Quem diria? Transformada por uma viagem de comboio. Senti-me como num filme. Na minha imaginação senti o meu cabelo esvoaçar com o vento, no fundo, proporcionou-me um estranho sentimento de liberdade!
Ver o mar, deixar o cheiro a algas purificar o meu espírito, carreguei baterias! Como se de um sonho se tratasse, onde não existem preocupações, só sonhos (apesar das horas e horas de viagem) e hoje os sonhos são tão precisos… A vida está cinzenta, sem piada. Reina o stress, o conformismo. As pessoas simplesmente deixam de lutar! Todas aquelas horas, mostraram-me que não tenho de ter medo da vida, de a agarrar! Não devo ter medo de nada, não tenho de me entregar a esses sentimentos negativos (e por vezes é tão mais fácil serem eles a ganhar). Tenho de sonhar, viver! Lutar pelo que quero e não deixam ninguém tentar retirar-me esse desejo. Tanta força retirada de um pedaço de metal…chega a ser caricato ou parecer pura invenção.
Já imaginaram as histórias que cada carruagem teria para contar? Olhares apaixonados, paixões desfeitas, tristezas, euforia, fúria, acima de tudo momentos… Um comboio é vida! Mesmo com as costas a arder, uma viagem assim é para repetir.