O Meu Primeiro Beijo
Como se de uma fotografia se tratasse, é assim que olho para o meu passado. É verdade que algumas já estão amareladas pelo tempo mas outras mantêm se intactas, como se esse fosse o meu presente…
Há oito anos a trás, não passava de uma rapariga sonhadora que se dizia independente aos 12 anos, muito dona do seu nariz, uma adolescente a descobrir-se. Pensava que os contos de fadas eram reais e que tinha encontrado aquele que seria o meu Happy Ever After. Deixem me então contar vos este episodio que todos os anos comemoro sozinha. Que acontecimento é este perguntam vocês. Talvez um dos momentos mais bonitos para muitas raparigas, o primeiro beijo. Sim aquele típico, desajeitado e tímido primeiro beijo. Mesmo com todos estes defeitos (ou qualidades) este momento é simplesmente mágico. Não me lembro de mais nenhum com tanto pormenor. Talvez por ter sido com quem foi ou mesmo só porque há momentos que não se discutem, sentem-se.
Há oito anos atrás, achava o mundo dos beijos na boca a coisa mais repugnante do universo! Pelo menos era o que dizia a toda a gente que tocava nesse assunto. A verdade, essa estava muito longe disso. Sempre tive a ideia de ser uma Cinderela logo, queria ter um beijo do verdadeiro amor, daqueles que nos fazem levantar a perna como nos filmes, daqueles que se ouvem passarinhos a cantar e sente-se borboletas no estômago. Queria isso tudo!
Eram mais o menos 18h45, pois no colégio a esta hora éramos mesmo obrigados a ir para a biblioteca estudar. Subimos a escadaria, até que o meu telemóvel toca. Um aviso para descer e fazer-me à estrada para chegar finalmente a casa depois de um longo dia naquela selva que é o sexto ano. Ele abraçou-me, como sempre e despediu-se com um beijo na bochecha. E eu pensei “ bem ainda não é desta…”. Nisto, ele agarra-me gentil mas, firmemente, no braço e dá me um tímido beijo no canto direito da boca.
Pode parecer ridículo, mas ainda hoje sinto uma alegria imensa a brotar de dentro de mim sempre que penso neste instante. Um pequeno toque, que nunca vai desaparecer da minha memória. Foi o momento mais romântico da minha vida, que terminou com um abraço entre dois adolescentes perdidamente apaixonados. E é assim que tenho no meu canto direito da boca, o meu beijo escondido.
(Os contos de fadas são momentos inesperado, espontâneos que nos desarmam. Não tem de ser a maior surpresa do mundo, ás vezes basta um olhar doce e uma mão firme a terminar com um doce e inocente beijo e o mundo volta a fazer sentido. Bem… chama-se amor.)
The Girl...