A dar uma de Fernando Pessoa
É assustador viajar sozinha, principalmente, se parecer que o mundo vai desabar à tua frente numa tromba de água. Vim ao Porto, toda cagada ( sim esta é a palavra que mais descreve o que senti) com medo de estragar o carro da minha mãe todo e a mim claro...
Sabem o que é entrar numa estrada com 4 ou 5 vias com carros a vir de todas as direções possíveis sem dar pisca, água por todo o lado, carros por todo o lado e pior camiões (odeio-os), acidentes e eu ali, sozinha como uma agulha num palheiro . O dia esteve horrível, por isso nem achei digno usar branco como tinha partilhado com vocês no Look by The girl #11. Resultado: Black total! Que posso fazer, é o meu estado de espírito...
Era meio dia e um quarto e o homem ainda não tinha chegado para uma reunião que "supostamente" era ás 11h30. Fantástico... Estou aqui sentada, numa simpática cadeira de madeira, junto á janela a ver os pingos da chuva. Ouço pinga a pinga! Estou numa de Fernando Pessoa, observo, descrevo e divago nos meus pensamentos.
Todos me olham como se fosse um óvni... uma pessoa já não pode pegar num pedaço de papel e caneta que já é um bicho? Obrigada século xxi.
O lugar é delicioso, muito acolhedor (porém, o cheiro a comida estava a dar cabo da minha barriga vazia desde as 9h, pobre de mim).
Olho em meu redor e apercebo-me que os edifícios no Porto (por dentro) são quase todos idênticos. Um candeeiro de pedras, corredores estreitinhos, portas e chão em madeira antiga e voulá estamos no Masjestic!
Sou bastante observadora (quando me posso dar ao luxo para tal), gosto a cima de tudo de detalhes e o tecto era o melhor de todos eles, só quem já foi a Sintra é que me vai perceber quando digo que um tecto é uma verdadeira obra de arte (muitas vezes esquecida em cima da nossa cabeça).
Ao percorrer as ruas da Boavista apercebo-me, a chuva faz tudo parecer tão triste... era suposto ver o mar daqui, mas nada!
" Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa